A Obsessão jamais se efetua sem a participação do obsedado,
seja por fraqueza, seja pelo seu desejo. No primeiro caso, freqüentemente,
estão associadas as responsabilidades da Lei de Causa e Efeito e, no segundo
Casio, as tendências de comportamento do homem.
Igualmente, fala Emmanuel, em “Estude e Viva”, lição 35, que
“é forçoso recordar, sobretudo, que os alicerces de qualquer ambiente
espiritual começam nas forças do pensamento”. Complementando seu
esclarecimento: “sempre que você experimente um estado de espírito tendente ao
derrotismo, perdurando h[á várias horas, sem causa orgânica ou moral de
destaque, avente a hipótese de uma influenciação espiritual sutil”.
Coloca Emmanuel como fatores que mais revelam essa condição
da alma, as dificuldades de concentrar idéias em motivos otimistas;
indisposição inexplicável, tristeza sem razão aparente ou pressentimentos de
desastre imediato, aborrecimentos imanifestos, pessimismos sub-reptícios, irritações
surdas, hiperemotividade ou depressão e tantos outros motivos.
Os motivos, as causas da obsessão variam segundo o caráter
do Espírito (LM, cap. XXIII,itens 245 a 254):
Vingança contra desafetos do passado.
Desejo de fazer os outros sofrerem, quase sempre por
ignorância, inveja, covardia, etc..
Desejo de impor as suas idéias para dominar, desunir,
destruir.
Divertimento com a impaciência da vítima, porquanto ao se
zangar faz precisamente o quer ele quer.
Apego a pessoas por ligações afetivas do passado.
O meio mais eficaz de combater a obsessão, levando à sua
cura, é através da mudança interior do obsedado, quebrando - se, assim, o elo
entre a vítima e o obsessor, formado pela lei das afinidades; a aquisição de
sentimentos elevados como a humildade, o perdão, a tolerância, a paciência, o
arrependimento, condições de fortalecimento da alma para resistir aos
arrastamentos sugeridos.
Um tratamento complementar consiste no trabalho de
desobsessão, levando ao Espírito obsessor o esclarecimento dos princípios
doutrinários, coadjuvando por um serviço de passes com fluidos salutares para
fortificação perispiritual. Será necessário levar o espírito perverso a
renunciar os seus desígnios: é preciso fazer nascer nele o arrependimento e o
desejo de fazer o bem.
Em resumo, pode - se dizer que duas são as medidas
essenciais: a reforma íntima de ambos, por suas imperfeições morais, e a prece
a Deus e a vigilância nas atitudes, para se guardarem na proteção dos Bons
Espíritos.
O tratamento, todavia, deve ser feito, segundo as
características de cada processo obsessivo, cujo reconhecimento decorre dos
seguintes sintomas (LM, cap. XXIII, item 243.):
Insistência de um Espírito em se comunicar, queira ou não o
médium.
Ilusão que, não obstante a inteligência do médium, o impede
de reconhecer a falsidade e o ridículo das comunicações recebidas.
Crença na infalibilidade e na identidade absoluta dos
espíritos.
Disposição para afastar-se das pessoas que podem
esclarece-lo.
Intolerância para asa críticas feitas às comunicações que
recebe.
Necessidade constante e inoportuna de escrever.
Constrangimento físico qualquer, dominando - lhe a vontade e
forçando - o a agir ou falar a contragosto seu.
Ruídos e desordens constantes ao redor do médium, dos quais
é ele a causa de tudo ou o objeto.
André Luiz em “Missionários da Luz”, cap.XVII, mostra que o
tratamento é diferente, conforme o grau de intensidade da obsessão. Relata,
inclusive, um caso de “possessão”, dizendo que a obsedada estava “cercada de
entidades agressivas, seu corpo tornara - se como que a habitação do
perseguidor mais cruel. Ele ocupava - lhe organismo, desde o crânio até os pés,
impondo - lhe tremendas reações em todos os Centros de Energia Celular. Fios
tenuíssimos, mas vigorosos , uniam, ambos, e, ao passo que o obsessor nos
apresentava um quadro psicológico de satânica lucidez, a desventurada mulher
mostrava aos colaboradores encarnados a imagem oposta, revelando angústia e
inconsciência”. Deixa, finalmente, registrado que o tratamento deve ser sempre
na base do amor e do esclarecimento.
No Cap IX de “Nos Domínios da Mediunidade”, André Luiz
mostra, também, outro caso de possessão, ocorrido num doente de epilepsia,
decorrente de dívidas do passado, em que mais uma vez esclarece a importância
do amor no tratamento informando que a cura depende do entendimento de cada um.
De modo geral, todos os homens estão sujeitos à obsessa, mas
os médiuns, certamente, mais que os outros, enlaçados em tremendas provas,
devem aprender, sem desanimar. E servir ao bem, sem esmorecer.
Diz Kardec (LM, cap. XXIII, item 251) que “não há nenhum
processo material, nenhuma fórmula, sobretudo, nenhuma palavra sacramental, com
o poder de expulsar os Espíritos obsessores. O que falta em geral ao obsedado é
força fluídica suficiente. Nesse caso,, a ação magnética de um bom magnetizador
pode dar - lhe uma ajuda eficiente”. Em “Obras Póstumas”, capítulo
“Manifestações dos Espíritos”, §7°, item 58, Kardec menciona “quando dois
homens lutam corpo a corpo, aquele que dispõe de mais fortes músculos é que
abate o outro. Com um Espírito tem - se de lutar, não com o corpo a corpo, mas
Espírito a Espírito, e é ainda o mais forte que triunfa. Aqui, a força reside
na autoridade que se possa exercer sobre o obsessor, e essa autoridade está
subordinada à superioridade moral”.
Por isso, “temos, pois, que nos persuadir de que não há,
para alcançar - mos aquele resultado, nem palavras sacramentais, nem fórmulas,
nem talismãs, nem sinais materiais quaisquer”.
Antes, pois, de pretender domar um Espírito mau, que se
cuide o homem de domar a si mesmo, e isto ele consegue, através da boa vontade,
secundada pela prece e pela vigilância: “Ajuda - te a ti mesmo, e o Céu te
ajudará”.
Autor: Valdomiro Halvei Barcellos
BIBLIOGRAFIA
LM, cap.XXIII.
LE, questões 459 a 480.
OP, Manifestações dos Espíritos, §7°, item 58.
Missionários da Luz, cap.XVIII, André Luiz.
Nos Domínios da Mediunidade, cap.IX, André Luiz.
Estude e Viva, lição 35, Emmanuel.
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