sexta-feira, 28 de agosto de 2015

CALMA


Se você está no ponto de estourar mentalmente, silencie alguns instantes para pensar.
Se o motivo é moléstia no próprio corpo, a intranquilidade traz o pior.
Se a razão é enfermidade em pessoa querida, o seu desajuste é fator agravante.
Se você sofreu prejuízos materiais, a reclamação é bomba atrasada, lançando caso novo.
Se perdeu alguma afeição, a queixa tornará você uma pessoa menos simpática, junto de outros amigos.

Se deixou alguma oportunidade valiosa para trás, a inquietação é desperdício de tempo.
Se contrariedades aparecem, o ato de esbravejar afastará de você o concurso espontâneo.
Se você praticou um erro, o desespero é porta aberta a faltas maiores.
Se você não atingiu o que desejava, a impaciência fará mais larga a distância entre você e o objetivo a alcançar.

Seja qual for a dificuldade, conserve a calma, trabalhando, porque, em todo problema, a serenidade é o teto da alma, pedindo o serviço por solução.


Autor: André Luiz

domingo, 14 de junho de 2015

DIA DOS VIVOS


Lar em festa:
– Nasceu alguém?
– Morreu.
– Era tão ruim assim?
– Era muito bom!
– Regozijam-se com sua morte?
– Festejamos sua liberdade.
– Estava preso?
– Libertou-se do corpo.

Este diálogo aparentemente absurdo teria cabimento em antigas culturas orientais.

Sabiamente pranteavam o nascimento e festejavam a morte, partindo de dois princípios:

• Nascer é iniciar uma jornada de dores e atribulações, enfrentando longo degredo neste vale de lágrimas.
• Morrer é desvencilhar-se das amarras e ganhar a amplidão. 

São perfeitamente compatíveis com a Doutrina Espírita, que nos fala da reencarnação como uma experiência difícil, complicada, mas necessária, no estágio de evolução em que nos encontramos. 

É, digamos, uma materialização a longo prazo, uma armadura de carne que vestimos, a limitar nossas percepções. Ligação tão íntima, tão entranhada, que o corpo passa a integrar nossa alma, como um apêndice, submetendo-nos a vicissitudes como a dor, o desajuste, a doença, a senilidade, próprios dos seres biológicos, a se acentuarem à medida que se desgastam suas células.

Por outro lado, o esquecimento das experiências anteriores tende a gerar insegurança. O reencarnante situa-se perdido no presente, a caminhar para o futuro sem o referencial do passado.

E há, ainda, o contato com pessoas que dizem respeito ao pretérito. Estará às voltas com sentimentos gratuitos e contraditórios de simpatia e antipatia, afinidade e rejeição, envolvendo gente de seu relacionamento, particularmente os familiares.

O consolo está em saber que se trata de uma contingência evolutiva, no estágio em que nos encontramos.

A carne é a lixa grossa que desbasta nossas imperfeições mais grosseiras.
O esquecimento do passado é a bênção do recomeço, a fim de que possamos superar paixões e fixações que precipitaram nossos fracassos no pretérito.
A convivência com afetos e desafetos de vidas anteriores é a oportunidade de consolidar afeições e desfazer aversões.

Mas… enfrentar tudo isso em estado de amnésia, sem a mínima noção do porquê dessas experiências!…

Barra pesada!

Já desencarnar é o alijar da armadura, a retomada das percepções, o retorno à amplidão, a celebração da Vida em plenitude, sem as limitações humanas.
Se houvermos conquistado um mínimo de vitórias, na luta contra nossas imperfeições; 

se algo fizemos em favor do bem comum, combatendo o egoísmo; 

se aprendemos a conjugar os verbos amar, perdoar, compreender, na vivência do Evangelho, teremos festiva recepção, marcada pela alegria da missão cumprida.

Estavam certas as antigas culturas orientais.
Quem sabe, um dia, quando essa realidade for melhor assimilada pela Humanidade, haveremos de mudar as comemorações do dois de novembro. 

Não mais o dia dos mortos. 
Mais apropriadamente, o dia dos vivos!

Richard Simonetti
Livro Abaixo a Depressão.

Santo Antônio de Pádua e Dr. Bezerra de Menezes por Humberto de Campos.

Conta-se que Bezerra de Menezes, o denotado apóstolo do Espiritismo no Brasil, após alguns anos de desencarnação, achava-se em praia deserta, meditando tristemente quanto à maioria dos petitórios que lhe eram endereçados do mundo.


Em grande número de reuniões consagradas à prece, solicitavam-lhe providências de natureza material. Numerosos admiradores e amigos rogavam-lhe empregos rendosos, negócios lucrativos, alojamentos, proteção a documentários diversos, propriedades e promoções.
Em verdade, sentia-se feliz, quando chamado a servir um doente ou quando trazido à consolação dos infortunados, porém, fora na Terra um médico espírita e um homem de bem, à distância de maiores experiências em atividades comerciais.

Por que motivo a convocação indébita de seu nome em processos inconfessáveis? Não era também ele um discípulo do Evangelho, interessado em ascender à maior comunhão com o Senhor? Não procurava aprender igualmente a lutar e renunciar? Monologava, entre inquieto e abatido, quando viu junto dele o grande Antônio, desencarnado em Pádua, no ano de 1231. O herói admirável da Igreja Católica, nimbado de intensa luz, ouvira-lhe o solilóquio amargo.

Abraçou-o, com bondade, e convidou-o a segui-lo. A breves minutos, ei-los ambos no perfumado recinto de grande templo.

O santuário, dedicado ao popular taumaturgo, regurgitava de fiéis que se prosternavam, reverentes, diante da primorosa estátua que o representava, sustentando a imagem de Jesus Menino.
O santo impeliu Bezerra a escutar os requerimentos da assembleia e o seareiro espírita conseguiu anotar as mais estranhas e inoportunas requisições. Suplicava-se a Antônio casa e comida, dinheiro fácil e saliência política, matrimônio e proteção. Não faltava quem lhe implorasse contra outrem perseguição e vingança, hostilidade e desprezo, inclusive crimes ocultos.

O amigo e benfeitor esboçou um gesto expressivo e falou bem humorado, ao evangelizador brasileiro:
- Observaste atentamente? As petições são quase sempre as mesmas nos variados campos da fé.

Sequioso de burilamento íntimo troquei na Igreja o hábito de cônego pelo burel dos frades... Ensinei a palavra do Mestre Divino, sufocando os espinhos de minhas próprias imperfeições. Fosse nas seduções da vida secular ou na austeridade do convento, caminhava mantendo pavorosas batalhas comigo mesmo, ansiando entesourar a virtude, em cujo encalço permaneço até hoje, entretanto, procuram-me através da oração, por meirinho comum ou por advogado casamenteiro...
E, por que Bezerra sorrisse, reconfortado, aduziu? - Nosso problema, no entanto, é o de instruir sem desanimar. Jesus no monte sentiu extrema compaixão pela turba desvairada, alimentando-lhe o corpo e clareando-lhe a alma obscura...

Nesse justo momento, surge alguém à cata de Bezerra.
Num círculo de oração, organizado na Terra, pediam-lhe indicações para que fosse descoberto um enorme tesouro de aventureiros antigos, desde muito enterrado.
Antônio afagou-lhe os ombros e disse benevolente:
- Vai, meu amigo, e não desdenhes auxiliar. Decerto, não te preocuparás com o ouro escondido, mas ensinarás aos nossos irmãos o trato precioso do solo para a riqueza do pão de todos e, descerrando-lhes o filão do progresso, plantarás entre eles o entendimento e a bondade do Excelso Amigo.

Bezerra despediu-se, contente, e tornou corajoso à luta, compreendendo, por fim, que não bastaria lamentar a atitude dos companheiros invigilantes, mas auxiliá-los com todo amor, consciente de que o Cristo é o Mestre da Humanidade e de que o Evangelho, acima de tudo, é obra de educação.

NOTÍCIAS DE BEZERRA -  Humberto de Campos Francisco Cândido Xavier -  Doutrina e Aplicação. Lição nº 05. 

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

EM HORA ALGUMA...


"Em hora alguma proclame seus méritos individuais, porque qualquer qualidade excelente é muito problemática no quadro de nossas aquisições. Lembre-se de que a virtude não é uma voz que fala, e, sim, um poder que irradia." (ANDRÉ LUIZ)