Mãezinha querida:
Conceda-me sua bênção!
Trago os olhos orvalhados de lágrimas ante o calidoscópio
das recordações da nossa inesquecível comunhão terrestre.
Você havia programado para sua filha toda uma trajetória de
felicidade e empenhou-se para que se tornasse exequível a consecução dos seus
planos.
Investiu sua existência abençoada pela ternura e pelo amor,
sem propor qualquer exigência.
Desde os primeiros dias da nossa convivência, enquanto me
embalava nos braços cantando as ternas canções de ninar, o seu pensamento voava
na direção do futuro, pintando as paisagens ditosas para sua menina.
Cresci sob o céu generoso do seu coração aberto ao
enternecimento, sempre irrigada e mantida pela inefável vigilância do seu
devotamento.
À semelhança de uma delicada flor, você cuidava de mim,
impedindo que os fatores de destruição me alcançassem.
Enrijeceu-me os sentimentos morais em torno dos deveres e
das responsabilidades, desenvolveu-me a inteligência com os recursos da sua
pedagogia sábia e impulsionou-me ao progresso espiritual...
Mas eu não me dava conta, porém, no meu estado de
crescimento intelecto-moral, dos sacrifícios que tudo isto lhe causava, sem
compreender que o pavio da vela que produz luz, gasta-se enquanto arde e
consome o combustível que sustenta a claridade.
Foi, desse modo, que você partiu para a imortalidade, quando
estava a um passo do triunfo terreno.
Jamais olvidarei o seu olhar de despedida, quando os lábios
já não podiam emitir os sons das palavras.
Logo depois, alcancei o pódio da glória e recebi muitas
homenagens.
Ninguém pensou, no entanto, que eu era o fruto da sua
devoção, o resultado do seu miraculoso trabalho de modelar a argila que eu era,
elaborando aquilo em que me transformei.
Venho hoje agradecer-lhe, estrela da minha noite e luz
perene de todos os meus dias.
As palavras são muito pobres para expressar-lhe o meu amor
infinito e toda a minha gratidão.
Enquanto as mães tecerem a túnica de proteção enobrecedora
para os filhos, a Humanidade estará garantida e avançará conquistando o
infinito.
Quando vemos o desar e o sofrimento na Terra, em verdadeiro
campeonato de alucinações, percebemos que somente o amor, conforme o possuem as
mães, poderá deter o avanço dessas aflições tormentosas.
As mães logram atenuar a violência e a loucura generalizada,
muitas vezes sendo suas vítimas em holocaustos de auto-doação, que terminam por
modificar a Terra em agonia...
No dia dedicado a todas as mães, desejo transferir para
você, que prossegue acompanhando-me do zimbório celeste, todo o meu carinho e
afeto, à medida que você vem deixando o rastro iluminado para que eu possa um
dia alcançá-la no Paraíso, após concluída a minha tarefa humana.
Eis, porém, que agora, liberta dos grilhões constritores da
matéria, inicio a ascensão em sua busca, aguardando o seu apoio e proteção.
Mãezinha querida!
Que Deus a abençoe sempre!
Divaldo Pereira Franco. Pelo Espírito Amélia Rodrigues.
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na noite de 21 de março de 2012, no
Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, BA. Fonte:
http://www.divaldofranco.com/mensagens.php?not=294.
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