"É assim que a consciência nascente do homem prática as lições da vida, no plano espiritual, pela desencarnação ou libertação da alma, como praticou essas mesmas lições da vida no plano físico pelo renascimento ou internação do elemento espiritual na matéria densa, evoluindo degrau a degrau, desde a excitabilidade rudimentar das bactérias até o automatismo perfeito dos animais superiores em que se baseia o domínio da inteligência."

Apresentando características singulares, no capítulo da
transfiguração, em todas as ordens nas quais se subdividem, os insetos, de
algum modo, exprimem, no desenvolvimento da metamorfose que lhes marca a
existência, a escala de fenômenos que vige para a desencarnação dos seres de
natureza superior.
Em relação ao homem, os mamíferos que se ligam a nós outros
por extremos laços de parentesco, em se desencarnando, agregam-se aos ninhos em
que se lhes desenvolvem os companheiros e, qual ocorre entre os animais
inferiores, nas múltiplas faixas evolutivas em que se escalonam, não possuem
pensamento contínuo para a obtenção de meios destinados à manutenção de nova
forma.
Encontram-se, desse modo, aquém da histogênese espiritual,
inabilitados a mais amplo equilíbrio que lhes asseguraria ascensão a novo plano
de consciência.
Em razão disso, efetuada a histólise dos tecidos celulares,
nos sucessos recônditos da morte física, dilata-se-lhes o período de vida
latente, na esfera espiritual, onde, com exceção de raras espécies, se demoram
por tempo curto, incapazes de manobrar os órgãos do aparelho psicossomático que
lhes é característico, por ausência de substância mental consciente.
Quando não se fazem aproveitados na espiritualidade, em
serviço ao qual se filiam durante certa quota de tempo, caem, quase sempre de
imediato à morte do corpo carnal, em pesada letargia, semelhante à hibernação,
acabando automaticamente atraídos para o campo genésico das famílias a que se
ajustam, retomando o organismo com que se confiarão a nova etapa de
experiência, com os ascendentes do automatismo e do instinto que já se lhes
fixaram no ser, e sofrendo, naturalmente, o preço hipotecável aos valores
decisivos da evolução.
ALÉM DA HISTOGÊNESE - Através desse movimento incessante da
palingenesia universal, o princípio inteligente incorpora a experiência que lhe
é necessária, estagiando no plano físico e no plano extrafísico, recolhendo,
como é justo, a orientação e o influxo das Inteligências Superiores em sua
marcha laboriosa para mais elevadas aquisições.
Pouco acima dessas mesmas bases, vamos encontrar o homem
infra-primitivo, na rusticidade da furna em que esconde, surpreendido no
fenômeno da morte, ante a glória da vida, como criança tenra e deslumbrada à
frente de paisagem maravilhosa, cuja grandeza, nem de leve, pode ainda
compreender.
O pensamento constante ofereceu-lhe a precisa estabilidade
para a metamorfose completa.
Pela persistência e consistência das idéias, adquiriu o
poder de integrar-se mentalmente, para além da histogênese, em seu corpo
espiritual, arrebatando-o, com a alavanca da própria vontade, que a indagação e
o trabalho enriqueceram, para novo estado individual.
Acariciada pelo bafejo edificante dos Condutores Divinos que
lhe acalentam a marcha, a criatura humana dorme o sono da morte, mumificando-se
na cadaverização, como acontece à pupa.
E segregando substâncias mentais, à base de impulsos
renovadores, tanto quanto certas crisálidas segregam um líquido especial que
lhes facilita a saída do próprio casulo, a alma que desencarna, findo o
processo histolístico das células que lhe construíram o carro biológico e
fortificando o campo mental em que se lhe enovelaram os novos anseios e as
novas disposições, logra desvencilharem-se, mecanicamente, dos órgãos físicos,
agora imprestáveis, realizando, por avançado automatismo, o trabalho
histogenético pelo qual desliga as células sutis do seu veículo espiritual dos
remanescentes celulares do veículo físico, arrojado à queda irreversível,
agindo agora com a eficiência e a segurança que as longas e reiteradas
recapitulações lhe conferiram.
DESENCARNAÇÃO NATURAL - Por milênios consecutivos o homem
ensaia a desencarnação natural, progredindo vagarosamente em graus de consciência,
após a decomposição do corpo somático.
Recordando as anteriores comparações com o domínio dos
insetos, a matriz uterina oferece-lhe novas formas e, assim como a larva se
alimenta, assegurando a esperada metamorfose, a alma avança em experiência, enquanto
no corpo carnal, adquirindo méritos ou deméritos, segundo a própria conduta, e
entregando-se em seguida, no fenômeno da morte ou histólise do invólucro de
matéria física, à pausa imprescindível nas próprias atividades ou hiato de
refazimento, que pode ser longo ou rápido, para ressurgir, pela histogênese
espiritual, senhoreando novos órgãos e implementos necessários ao seu novo
campo de ação, demorando-se nele, à medida dos conhecimentos conquistados na
romagem humana.
É assim que a consciência nascente do homem pratica as
lições da vida, no plano espiritual, pela desencarnação ou libertação da alma,
como praticou essas mesmas lições da vida
no plano físico pelo renascimento ou internação do elemento
espiritual na matéria densa,
evolutindo, degrau a degrau, desde a excitabilidade
rudimentar das bactérias
até o automatismo perfeito dos animais superiores em que se
baseia o domínio da inteligência.
REVISÃO DE EXPERIÊNCIAS - De libertação a libertação, na
ocorrência da morte, a criatura começa a familiarizar-se com a esfera
extrafísica.
Assim como recapitula, nos primeiros dias da existência
intra-uterina, no processo reencarnatório, todos os lances de sua evolução
filogenética, a consciência examina em retrospecto de minutos ou de longas
horas, ao integrar-se definitivamente em seu corpo sutil, pela histogênese
espiritual, durante o coma ou a cadaverização do veículo f;físico, todos os
acontecimentos da própria vida, nos prodígios de memória, a que se referem os
desencarnados quando descrevem para os homens a grande passagem para o
sepulcro.
É que a mente, no limiar da recomposição de seu próprio
veículo, seja no renascimento biológico ou na reencarnação, revisa
automaticamente e de modo rápido todas as experiências por ela própria vividas,
imprimindo magneticamente às células, que se desdobrarão em unidades físicas e
psicossomáticas, no corpo físico e no corpo espiritual, as diretrizes a que
estarão sujeitas, dentro do novo ciclo de evolução em que ingressam.
Acresce lembrar, ainda, como nota confirmativa de nossas
asserções, que, esporadicamente, encarnados saídos ilesos de grandes perigos
como acidentes e suicídios frustrados, relatam semelhante fenômeno de revisão
das próprias experiências, também chamado visão panorâmica e síntese mental.
LEI DE CAUSA E EFEITO - Encetando, pois, a sua iniciação no
plano espiritual, de consciência desperta e responsável, o homem começa a
penetrar na essência da lei de causa e efeito, encontrando em si mesmo os
resultados enobrecedores ou deprimentes das próprias ações.
Quando dilacerado e desditoso, grita a própria aflição, ao
longo dos largos continentes dos espaço Cósmico, reunindo-se a outros culpados
do mesmo jaez, com os quais permuta os quadros inquietantes da imaginação em
desvario, tecendo, com o plasma sutil do pensamento contínuo e atormentado, as
telas infernais em que as conseqüências de suas faltas se desenvolvem, mediante
as profundas e estranhas fecundações de loucura e sofrimento que antecedem as
reencarnações reparadoras; contudo, é também aí que começa, sobrepairando o
inferno e o purgatório do remorso e da crueldade, da rebelião e da delinquência o sublime apostolado dos seres que se colocam em harmonia com as
Leis Divinas, almas elevadas e heroicas que, em se agrupando intimamente,
tocadas de compaixão pelos laços que deixaram no mundo físico, iniciam, com a
inspiração das Potências Angélicas, o serviço de abnegação e renúncia, com que
a glória e a divindade do amor edificam o império do Sumo Bem, no chamado Céu,
de onde vertem mais ampla luz sobre a noite dos homens.
(Evolução em Dois Mundos, XII, André Luiz/Chico Xavier/Waldo
Vieira, FEB) - André Luiz (Espírito) Psicografia de Francis
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