sábado, 9 de março de 2013

A Mediunidade na Bíblia


Qual foi a primeira manifestação mediúnica? Com quem? Em que situação?

As manifestações mediúnicas são fenômeno registrado em todos os povos e em todas as épocas, pois a mediunidade é uma faculdade natural no ser humano. Sempre existiram encarnados e desencarnados a se utilizarem dela para a comunicação entre os dois planos de vida. Muitas religiões tiveram origem nas manifestações mediúnicas. Muitas cultivaram e muitas ainda cultivam a mediunidade, como relembra Leon Denis, no capítulo VI, “Comunhão dos vivos e dos mortos”, de seu livro “No Invisível”, e também podemos acompanhar na história dos santos da Igreja Católica, ou no culto dos evangélicos com as manifestações do “espírito santo”.

Por que Moisés proibiu as manifestações mediúnicas?

Para corrigir os abusos e desvios na prática mediúnica, pois a estavam empregando para fins egoístas, mesquinhos, materialistas, em vez de utilizá-la com seriedade, honestidade e visando os fins superiores para os quais Deus a destinou: comprovação da imortalidade, fraternidade e consolação esclarecimento e progresso da humanidade (encarnada ou não).
Entretanto, Moisés continuou empregando sua mediunidade para “falar com Deus”, ou seja, para fazer o intercâmbio com os espíritos que o vinham instruir em nome do Altíssimo, a fim de bem liderar o povo israelita. E até desejava que todo o povo fosse profeta (porta-voz, médium), e “o Senhor lhes desse o seu espírito”, como vemos em Números 11:26/29.

Quais as personagens bíblicas que se posicionam a respeito do fenômeno?

Não obstante a tão propalada proibição de Moisés, com freqüência lemos na Bíblia relatos em que autoridades ou pessoas comuns falam ou agem sob a influência de espíritos, e, também de outros tipos de comunicações, como os sonhos e visões . Esses fenômenos, espontâneos e legítimos, tinham a natural aceitação de todos.

Jesus manifesta-se a respeito?

Sim, exemplificando o diálogo com os espíritos, instruindo os seus discípulos sobre o uso de suas faculdades mediúnicas e estimulando-os ao exercício delas: “Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos” (= tragam de volta os desencarnados, deixem que eles se manifestem). E recomendou o exercício gratuito dessa faculdade: “De graça recebestes, de graça dai”. Note-se que, em todo o Novo Testamento não se encontra mais, nem uma vez sequer, que esteja proibido o intercâmbio com o Além.

O texto de Samuel,no Antigo Testamento, relata uma sessão mediúnica?

Sem dúvida. Embora usando as expressões da época (“faze-me subir a Samuel”, pede Saul), temos nessa passagem a descrição perfeita do fenômeno, com estes pormenores:

- vendo o espírito de Samuel, a médium é informada de que o consultante é o rei Saul, o que a apavora, pois o exercício mediúnico estava proibido para o povo e era punido com a morte, mas Saul a tranqüiliza de que nenhum mal lhe acontecerá;

- há o diálogo entre o espírito de Samuel e o rei Saul, recebendo este a notícia do que tanto temia: por ter se desviado das leis divinas, ele e seus filhos desencarnariam na batalha do dia seguinte.

O livro de Tobias (que não aparece nas edições populares da Bíblia) relata realmente o caso de materialização do anjo Rafael? Como isso pode ser explicado?

Se esse relato é verdadeiro ou não, foge à nossa competência, talvez esteja um tanto deturpado, entretanto, é verdade que os espíritos podem se materializar. Kardec examinou esse tipo de fenômeno e o denominou de “aparição tangível”, o que corresponde melhor ao que nele ocorre.

O espírito materializado é um “agênese  (não foi gerado fisicamente, como nós, os encarnados); mas não é usual que se mantenha por tanto tempo materializado, como sugere o livro de Tobias.

Há ainda, nesse livro, vários outros fenômenos de caráter miraculoso, fugindo ao que conhecemos dos fenômenos produzidos pelos bons espíritos, fenômenos que, conquanto admiráveis,sempre se realizam dentro de certas leis e limites e mais com finalidades de edificação geral.

Quais os personagens bíblicos que desenvolveram, de alguma forma, a mediunidade?

No Velho Testamento, vemos os profetas Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel e outros, como porta-vozes da espiritualidade, com a missão de transmitir aos israelitas mensagens de conselhos, advertências (e, às vezes, anúncios de acontecimentos), para que o povo não se desviasse da boa conduta, da adoração ao Deus único e do cumprimento dos seus desígnios. Igualmente médiuns, foram Saul e Davi, reis de Israel, e exerceram sua mediunidade; muitas pessoas comuns também revelavam essa faculdade.

Nos tempos do Evangelho, a prática mediúnica era tão usual entre os seguidores de Jesus que João Evangelista aconselha em sua carta “Amados, não acrediteis em todos os espíritos, mas experimentai se os espíritos são de Deus”; e Paulo, para orientar essa prática, escreve um “mini-livro dos médiuns”, que é a I Epístola aos Coríntios, caps. 12 a 14, na qual aborda os “carismas” (dons espirituais) e o comportamento dos profetas (médiuns) na reunião.

Therezinha Oliveira

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