terça-feira, 12 de março de 2013

O Auto de fé de Barcelona

Foi uma expressão notabilizada por Allan Kardec para se referir à queima de trezentos volumes de  livros relacionados ao Espiritismo, como: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O que é o  Espiritismo,  A Revista Espiritualista, Fragmento de Sonata, Carta de um católico sobre o  Espiritismo,…
Ocorreu por ordem do Bispo local, em 09 de outubro de 1861 (151 anos), às 10h30, na esplanada da  cidade de Barcelona, no lugar onde eram executados os criminosos condenados ao último suplício.

Maurice Lachâtre, editor francês, possuia uma livraria, quando solicitou a Kardec, uma partida de  livros espíritas, para serem vendidos na Espanha, sendo que logo que os livros chegaram ao país  foram apreendidos na alfândega, por ordem do Bispo de Barcelona, Antonio Palau Termes, sob a  alegação de que “A Igreja católica é universal e, os livros, sendo contrários à fé católica, o governo não pode consentir que eles vão perverter a moral e a religião de outros países” e, como consequência, o Bispo determinou que as obras fossem queimadas, ao invés de devolvê-las.

Enquanto os livros eram queimados uma multidão de pessoas que assistiam, vaiavam o Bispo e seus auxiliares e gritavam “abaixo a inquisição!” e, em seguida este mesmo povo simples recolheu as cinzas dos livros e fragmentos que não foram consumidos pelas chamas, e levaram para as suas casas, sendo que um exemplar de O Livro dos Espíritos, carbonizado pela metade, foi enviado a Allan Kardec, que o guardou como uma doce lembrança.

A intolerância religiosa da época, querendo sufocar o Espiritismo, teve efeito contrário e serviu para destaca-lo ante o mundo, já que tal ato teve grande repercussão mundial, fazendo com que a Doutrina Espirita fosse difundida de modo que muitas pessoas passaram a ter interesse pelo tema, indo buscar informações sobre o Espiritismo e assim a Doutrina foi grandiosamente propagada.

Afinal, do que tinham medo as igrejas, os acadêmicos, os políticos e os filósofos? Que perigo a Doutrina Espírita poderia apresentar? Certamente é pelo fato de que em situações de desgostos, tristezas, desânimo, encontramos no Espiritismo o apoio, o consolo, a esperança, compreensão e respostas, já que é a Doutrina do Amor, mas não podemos esquecer que nos dias de hoje a Igreja Católica tem uma posição menos radical com relação a outras religiões.
Com relação ao Bispo e outras pessoas que o apoiaram em sua decisão de queimar os livros, não podemos condená-los pela atitude que tiveram, quando encarnados: primeiro, porque o verdadeiro espírita a ninguém deve condenar, nem guardar rancor; em segundo lugar, porque longe de causar prejuízos, tal ato foi muito útil ao Espiritismo.

Allan Kardec, sobre tal acontecimento comentou: “Graças a esse zelo imprudente, todo o mundo, em Espanha, vai ouvir falar do Espiritismo e quererá saber o que é; é tudo o que desejamos. Podem-se queimar os livros, mas não se queimam as ideias; as chamas das fogueiras as super-excitam em lugar de abafá-las. As idéias, aliás, estão no ar, e não há Pireneus bastante altos para detê-las; e quando uma ideia é grande e generosa, ela encontra milhares de peitos prontos para aspirá-la.”

Por fim, podemos resumir que O Auto de Fé de Barcelona serviu para a consagração do Espiritismo.

Por Silvia Prado

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